Igreja na Colômbia após plebiscito: Sigamos orando e trabalhando pela paz
Dom Luis Augusto Castro no Jubileu Extraordinário da Misericórdia no Continente Americano, em Bogotá (Colômbia). Foto: Eduardo Berdejo / ACI Prensa.
LIMA - Depois dos resultados do plebiscito celebrado no dia 2 de outubro, o Presidente da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Dom Luis Augusto Castro, exortou os fiéis a “continuar rezando e trabalhando” pela paz, pois “é acima de tudo um dom, uma graça de Deus”.
Em um resultado apertado no plebiscito de ontem, o “Não” superou o “Sim” ao acordo de paz assinado entre o governo da Colômbia, liderado pelo Presidente Juan Manuel Santos e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Através de sua conta no Twitter, o Presidente da Colômbia reconheceu ontem o resultado do plebiscito e anunciou que convocaria “as forças políticas, especialmente as que votaram pelo ‘não’, para escutá-las, abrir um diálogo e determinar o caminho a seguir”.
“Não me renderei, continuarei buscando a paz até o último dia do meu mandato, porque é o caminho para deixarmos um país melhor aos nossos filhos”.
Por sua parte, o dirigente das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri (conhecido como “Timochenko”), disse à Rádio Caracol que “as FARC-EP mantêm sua vontade de paz e reiteram sua disposição de usar somente a palavra como arma de construção para o futuro”.
Em declarações ao Grupo ACI, Dom Luis Augusto Castro assinalou que “como Igreja devemos seguir convidando todos os colombianos a rezar pela paz, porque a paz é acima de tudo um dom, uma graça de Deus e também é a nossa missão. Deste modo, devemos continuar rezando e trabalhando”.
O Presidente da CEC recordou que a Igreja na Colômbia convidou “todos os colombianos a votarem e a votarem com consciência, reflexivamente, tentando compreender o que estão fazendo”.
“Naturalmente não lhes insinuamos que tipo de votação”.
“De qualquer maneira, acredito que isto nos leva, primeiramente, a ver que devemos fazer um compromisso muito sério de não desistir de trabalhar pela paz, esse deve ser o nosso objetivo e um objetivo perseguido com muita insistência”, sublinhou.
Dom Castro destacou que tanto as FARC como o presidente da Colômbia se pronunciaram a favor de continuar o processo de paz, e ressaltou que é importante trabalhar na “reconciliação política e, por outro lado, na reconciliação pessoal”.
O Prelado exortou a não dividir “entre bons e maus” aqueles que votaram a favor ou contra o acordo de paz, pois “muitos votaram ‘Não’, não necessariamente porque não queiram a paz, mas porque querem uma paz melhor, mais estruturada, onde não sejam dadas tantas dádivas à guerrilha”.
“Atualmente, eu acredito que, apesar de tudo isso, é necessária uma reconciliação de todos os colombianos”.
O Presidente da CEC assinalou que depois do plebiscito devemos ter um “diálogo. Um diálogo sereno, positivo, um diálogo de todas as forças que estão se enfrentando entre si”.
“Através do diálogo pode surgir algo muito bom, como uma série de contribuições para reformar esse acordo e trabalhar novamente para o processo de paz”, disse.
“De jeito nenhum” pode-se perder a esperança da paz, destacou, pois, “todos os colombianos queremos a paz”.
Nesse sentido, Dom Castro sublinhou que “o problema não é se querem ou não a paz. Todos queremos a paz aqui na Colômbia, mas alguns pensam que ainda é possível fazer um acordo muito melhor do que este e por isso votaram ‘não’”.
O Presidente da CEC exortou o governo a “elaborar uma nova pedagogia”, pois, “como Igreja, insistimos muito, dissemos já há vários meses que era necessário traduzir em termos simples todos esses grandes termos e grandes elementos jurídicos que não entendemos não entendemos tão facilmente”.
Por sua parte, o Arcebispo de Bogotá, Cardeal Rubén Salazar, destacou em uma publicação em sua conta no Twitter que os colombianos “estão nas mãos do Senhor”.
“Ele é o dono da história, mas cada um deve assumir sua própria responsabilidade na missão de construir a paz”, disse.