O testemunho de um missionário sobre a devastação no Haiti
Mattew deixou 877 mortos, número que pode aumentar - AFP
Porto Príncipe – A passagem do furacão Matthew no Caribe deixou um rastro de morte maior do que se imaginava inicialmente no Haiti: o número de mortos, até o momento, seria de 877, segundo autoridades locais.
Há milhares de casas destruídas e muitos bairros seguem inundados na península do sudoeste do país.
Fenômeno devastador agrava situação no Haiti
O furação é o mais forte a atingir o Caribe desde 2007, e foi justamente no Haiti que o Matthew causou mais destruição. O país mais pobre das Américas foi devastado por um terremoto em 2010 e até hoje ainda não se recuperou completamente.
O vento de cerca de 230 km/h derrubou árvores, barrancos e pontes, além de destruir milhares de casas. Militares brasileiros estão ajudando os moradores desde terça (04/10), quando o olho do furacão atingiu o Haiti.
Balanço de vítimas pode aumentar
De acordo com o Ministério do Interior haitiano, o balanço de vítimas e danos é ainda provisório e certamente destinado a aumentar, porque ainda há regiões completamente isoladas.
O vento e a chuva destruíram casas, destelharam habitações e inundaram bairros inteiros.
O testemunho do missionário
Pe. Jeffrey Rolle, Conselheiro-geral dos missionários redentoristas, que no Haiti têm várias casas e três comunidades no sul (duas em Les Cayes e uma em Jérémie), que é a parte mais atingida e ainda sem comunicações, foi contatado pela Agência Fides:
“Até ontem se podia chegar àquela região somente de helicóptero. Recebemos informações do padre Kénol Chéry, Superior regional do Haiti, que nos disse que o sul está dividido do restante do país. Conseguiram falar poucos minutos no telefono com seus confrades de Les Cayes, onde se registraram inundações, desmoronamentos e muitos danos. A igreja paroquial de Château ficou completamente destruída. Todos os familiares dos confrades foram afetados. Os tetos das casas voaram em pedaços. Graças a Deus, não registramos mortos ou feridos”.
50 mil desalojados e risco de cólera
A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) busca US$ 6,92 milhões para ajudar a providenciar ajuda médica, abrigos, água e saneamento durante o próximo ano para pessoas afetadas pelo furacão no país.
"Estamos extremamente preocupados com a segurança, saúde e bem-estar das mulheres, homens e crianças que foram impactados, principalmente em cidades remotas e vilarejos", disse a chefe da divisão da América Latina da IFRC, Ines Brill, em comunicado.
A Cruz Vermelha estima que mais de um milhão de pessoas no Haiti foram afetadas e centenas de milhares precisam de assistência humanitária.
Além disso, a Organização Pan-Americana da Saúde alertou sobre um possível surgimento de cólera depois do furacão. Este ano, antes do desastre do Matthew, já tinham sido registrados 28.500 casos desta infecção intestinal com risco mortal.