Santa Sé: atual modelo econômico impede desenvolvimento integral
Crianças na Cidade de Deus no Rio de Janeiro - EPA
Rádio Vaticano – “A transição do atual modelo que promove o crescimento econômico a qualquer custo para uma sociedade que busca o desenvolvimento sustentável requer uma ‘mudança de paradigma no pensar o próprio desenvolvimento’”.
Foi o que afirmou o Observador permanente da Santa Sé na ONU, Arcebispo Bernardito Auza, na terça-feira (11/10), durante uma sessão da Assembleia Geral sobre Desenvolvimento Sustentável.
“O sucesso da Agenda 2030 requer ir além da linguagem da economia e estatística precisamente porque a ênfase real deve se dar à pessoa humana”, afirmou.
Nova mentalidade
A mudança de paradigma – prosseguiu –, “não é meramente uma modificação nas políticas e nas instituições: também requer uma mudança na relação entre os povos assim como entre os seres humanos e o meio ambiente: a nossa casa comum”, destacou.
Ao afirmar que essa mudança deve começar pelo “entendimento da dignidade inerente a cada pessoa e a centralidade do bem comum para todos os esforços e metas sociais”, o arcebispo advertiu que “somente tais fundamentos poderão realmente levar ao “desenvolvimento de uma economia social e solidária”.
Igualdade
A partir deste princípio de dignidade igualitária – afirmou – “surge um novo paradigma de desenvolvimento centralizado na pessoa”. Por isso, “é preciso evitar a análise econômica, social e ambiental baseada não na pessoa mas, primariamente, na busca das maiores margens financeiras”, apontou.
“Tal reducionismo econômico nunca levará ao desenvolvimento econômico integral, uma vez que subordina tudo às leis da competição e à economia Darwinista em que o mais forte sobrevive”, destacou.
O representante do Papa na ONU concluiu afirmando que “o desenvolvimento sustentável será sempre uma parceria público-privada: requer governos e negócios honestos e líderes que possam inspirar diretamente estas instituições, seus sistemas e práticas”.