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Homilia Dom Fernando Antônio Figueiredo


Lc 18, 9-14 - O fariseu e o publicano


Os fariseus buscavam corresponder às exigências da Lei, visando, acima de tudo, à santidade e à pureza de Israel. Praticamente, no mesmo nível, eles colocavam as explicações da Lei, a halakha, que eram tidas como medidas preventivas para impedir a sua não observância. Zelosos, eles procuravam se mostrar justos, e “assim queriam ser considerados pelos homens”, assinalando, dessa maneira, que Israel seria um povo separado dos pagãos. Dentre eles, havia os que tinham seu coração coberto pelo véu da vaidade e do orgulho, e que se esqueciam de que todos são chamados a colaborar na construção de um mundo na justiça e na paz: imperativo divino da misericórdia de Deus, no dizer de Jesus, não resultado “de obras”, como por vezes eles interpretavam.


O antídoto para se afastar do pecado e obedecer aos mandamentos da Lei é indicado por Jesus: a humildade. Ao reconhecer que tudo é gratuitamente dado, o humilde dirige uma prece confiante e agradecida a Deus, que o acolhe e o justifica. Para exemplificar, Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano, que subiram ao Templo para orar. Com presunção, o fariseu vangloria-se de tudo quanto foi realizado por ele e distancia-se do arrependimento e da purificação interior. Nele, a observância estrita da Lei, sem se estender às intenções mais íntimas do “coração” do homem, coroa a prática de suas “virtudes”. Ele sai do Templo, sem ser justificado. Enquanto o publicano, em sua prece confiante e humilde, sai justificado, “porque Deus não ouviu simplesmente suas palavras, observa S. João Crisóstomo, mas também leu a alma daquele que a proferia e, encontrando-a humilde e contrita, Ele a julgou digna da sua compaixão e do seu amor”.


Ao rebaixar o fariseu, líder religioso, e elevar o publicano pecador, Jesus descreve a natureza da oração e a nossa relação com Deus. Santo Agostinho pergunta: “O que pediu a Deus o fariseu? Se buscas em suas palavras, tu não encontrarás nada. Ele subiu para rezar, mas não desejava suplicar ao Senhor: antes, queria louvar a si mesmo. Não louvar a Deus, mas louvar-se era ainda muito pouco; ele exterioriza seu desprezo por aquele que rezava com humildade”. “Quanto ao publicano, continua Santo Agostinho, ele se mantinha à distância, sem ousar nem sequer elevar os olhos para o céu, porém, próximo a Deus. Sua consciência o movia e um sentimento filial o ligava ao Senhor. Deus o escutava de perto”.


O Senhor teve misericórdia do publicano que confessou sua falta e concede-lhe participar da benevolente salvação eterna. “O fariseu, exclama São Basílio Magno, perdeu a glória da justiça pelo pecado da soberba”, pois julga obter a salvação por suas próprias obras, não negadas por Jesus, que, porém, exige mais (perissós=que vai além do normal): “Pois também não fazem os gentios a mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Por sua vez o publicano experimenta a misericórdia divina, torna-se ele mesmo misericordioso e, justificado, participa da intimidade da vida de Deus.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, OFM


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