National Geographic se rende ante a “vida secreta” das religiosas de clausura
ROMA - “Logo aprendi que elas se divertem, riem e dançam, são muito humanas e femininas”, expressou a repórter da National Geographic, Marcela Taboada, ao referir-se às religiosas de clausura do México, cujas “vidas secretas” relatou em um artigo desta famosa revista.
Taboada relatou que quando começou este projeto, “pensava nas monjas como sempre tristes e sérias. Mas elas amam sorrir e ser alegres”.
A jornalista mexicana explicou que sempre gostou de saber o que as pessoas fazem fora das suas atividades públicas. “Tirando fotos do beisebol ou do balé, eu gosto de dar uma olhada atrás da cortina e conhecer a vida das pessoas tal como são realmente. Deste modo, quando me deram uma oportunidade para trabalhar durante três anos documentando as monjas católicas de clausura nos mosteiros do México, aproveitei a oportunidade”, assinalou.
Para poder retratar a vida diária das religiosas católicas, Taboada levantava às 4h30, na mesma hora que as irmãs começavam o seu dia. “Seu canto devocional era o meu despertador. Então, costumava ser a sombra delas enquanto rezavam as suas orações diárias e seus coros, lavavam, limpavam e cozinhavam”, relatou.
“As monjas católicas de clausura – assinalou – realizam suas tarefas o dia inteiro, entre elas decorar os altares com flores, lavar, secar e passar a roupa e arrumar a mesa do banquete depois de um evento”.
“Logo compreendi que elas se divertem. Riem e dançam, jogam baralho e outros jogos. Escutam rock and roll. Uma monja que conheci adora futebol. Ela assistia televisão e acompanhava os times que gostava, rezava pelos jogadores e pulava de alegria quando eles ganhavam”, afirmou ao recordar as religiosas de clausura que conheceu nos conventos mexicanos.
Por exemplo, entre as fotos que National Geographic publica, está uma foto da irmã Reina Maria, uma noviça de 23 anos da Ordem das Carmelitas Descalças em Puebla, que joga vôlei para se divertir, depois de um longo dia de trabalho e oração.
Assim como a Madre Maria del Carmen e a Irmã Virginia, ambas frente a uma mesa de petiscos preparada para compartilhar com religiosas de nove conventos que participavam de uma reunião da Ordem Concepcionista.
“Quando lhes perguntei por que tinham feito seus votos, algumas me disseram que receberam um chamado”, indicou Marcela Taboada. “Então, havia duas irmãs que costumavam tocar em uma banda de rock e chegaram a ser monjas para encontrar um sentido espiritual”, acrescentou.
O artigo da National Geographic também retrata a Irmã Teresa, de 83 anos, “quando eu estava esperando para entrevistar a abadessa do convento”. “Duas noviças a seguravam pelos braços e lhe ajudavam a sentar-se em uma cadeira de madeira. Ela tem lúpus. Quando me aproximei, ela não podia levantar a sua cabeça. Mas quando me ajoelhei para falar com ela, ela falou de forma clara”.
Depois de relatar sua experiência com as irmãs, Taboada conclui seu artigo afirmando: “O meu objetivo com esta série é mostrar a vida diária das pessoas cujo retiro as torna invisível. Quero que todos vejam o quanto elas estão vivas, são muito humanas e femininas. Talvez em algum dia o seu estilo de vida de séculos acabe. Mas isso ainda não ocorrerá”.