Dom Celli: Santa Sé fundamental para início do diálogo na Venezuela
Caracas – Na presença do enviado do Papa Francisco, Dom Claudio Maria Celli e de uma delegação internacional, teve início na Venezuela o diálogo entre Governo e oposição.
No domingo foi realizada em Caracas a primeira reunião para tentar encontrar uma solução para a gravíssima crise institucional e econômica que atingiu o país. A oposição promoveu um referendum para a destituição do Presidente Maduro, que foi anulado pelas autoridades. Para o Papa Francisco, a única solução é o diálogo. A Rádio Vaticano perguntou a Dom Celli se os políticos venezuelanos compartilham desta convicção do Pontífice:
“Todos estão convencidos de que o diálogo é o único caminho a percorrer. Porque depois, em determinadas situações, se não existe diálogo, existe a violência e ninguém quer que haja uma presença de violência ulterior no país. E portanto, eu diria que decidiu-se abrir quatro linhas temáticas para as situações difíceis que devemos resolver. Assim, eu diria que este foi um primeiro passo, na minha opinião, fundamental”.
RV: E que já está dando frutos, pois vimos que a oposição decidiu adiar um voto contra o Presidente...
“Sim, exatamente: o Presidente libertou alguns prisioneiros políticos. E eu acredito que este caminho realmente difícil e complexo, tenha necessidade de sinais de ambas as partes, de sinais positivos que expressem a boa vontade de seguir em frente e de construir um caminho de diálogo. De fato, depois, no meu pronunciamento eu convidei a desarmar o espírito, porque às vezes também nas expressões, nas formulações, havia uma linguagem muito forte de uns contra os outros, e portanto, isto deve ser, pouco a pouco, sempre mais sublinhado e ajudado. De fato, em 11 de novembro, se tudo for bem e se permanecerem em vigor os acordos alcançados, deveremos ter um outro encontro entre as delegações governamentais e da oposição. E estarão sempre presentes os quatro ex-Presidentes que acompanham este processo e o subscrevem”.
RV: Portanto, o senhor retorna à Venezuela em breve. Quando ali chegou, falou em desarmar os espírito. Poderíamos dizer – perdão pela expressão – que o senhor encontrou pessoas “com as armas apontadas”...
“Bem, materialmente não, mas a situação é muito forte, é muito dura, difícil. Eu posso dizer uma coisa, porque esta era a consciência comum e a própria oposição me repetiu várias vezes: “Nós estamos aqui unicamente porque está o senhor!”. Ou seja: o papel que desempenha a figura do Papa Francisco neste contexto é fundamental. Os próprios quatro ex-presidentes sublinharam que se não fosse pela presença da Santa Sé neste caminho, com a sua presença, bem, este caminho não teria nem mesmo sido iniciado. E isto o digo com muita serenidade. Pense você, que o próprio ex- Primeiro Ministro espanhol Zapatero, de quem todos conhecemos o percurso e a história, reconheceu oficialmente, em público, que tudo isto se deve à presença do Papa Francisco e portanto à presença da Santa Sé que acompanha este processo de diálogo”.
(JE/JP)