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Você acha que esta foto é do terremoto na Itália? Não, não é. É muito pior.


Foto: Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Siena - Erbil, Iraque


Esta imagem poderia facilmente ser confundida com a das religiosas de clausura forçadas a fugir do próprio convento que desabava - mas...


Nas últimas semanas, entre os vários tremores que têm ferido e assolado a Itália Central, tomaram os noticiários internacionais as imagens de religiosas de clausura forçadas a fugir do próprio convento que desabava.


Neste contexto, a imagem que ilustra o presente artigo poderia facilmente ser confundida, à primeira vista, com a das freiras italianas surpreendidas pelo desastre natural.


Mas não é o caso.


Esta foto, num cenário aterrador de destruição e ruínas, mostra o desastre humano, político, fanático, provocado por uma tragédia comparável a um terremoto interminável, que está varrendo o Oriente Médio há três, quatro, cinco anos.


O contexto é o de uma das operações mais esperadas dessa longa e devastadora guerra doentia: a libertação de Mossul, a segunda maior cidade do Iraque, das garras fanáticas do grupo assassino Estado Islâmico. A batalha começou em 17 de outubro, protagonizada por uma coalizão de forças iraquianas, e deu grandes passos, libertando várias cidades na planície de Nínive. Alguns cristãos já começaram a retornar à área: os sons dos sinos, nas igrejas dessas cidades, sinalizam a esperança no meio da escuridão do horror.


No entanto, os jihadistas do Estado Islâmico executaram 300 homens e meninos e estão usando cidadãos locais como escudos humanos. A total recuperação de Mossul e da planície de Nínive está longe de terminar, e, mesmo que as forças militares sejam bem sucedidas, a situação apresenta imensos desafios aos cristãos que querem retornar.


Um dos grupos que está discernindo o próprio futuro no Iraque são as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Siena, que vivem hoje em Erbil. Recentemente, elas enviaram uma carta aos seus amigos e apoiadores pedindo orações para enfrentar a situação. As irmãs explicaram:

“Faz dois anos e quatro meses que saímos da Planície de Nínive. Tem sido um longo tempo de deslocamento, de humilhação, de exílio… Há muitos militantes cristãos no exército, e alguns deles nós conhecemos. Eles estiveram nos enviando fotos das nossas cidades cristãs que estão sendo retomadas. As fotos são profundamente perturbadoras, pois mostram as nossas igrejas, casas, escolas, conventos e hospitais queimados e destruídos depois de terem sido saqueados. Ficamos chocadas ao ver que até os nossos cemitérios foram escavados: será possível que nem mesmo os mortos tenham ficado ilesos sob a crueldade deles?“.


Embora sejam gratas a Deus por verem as cidades sendo finalmente libertadas, as irmãs têm muitas perguntas para responder antes de fomentar a esperança do retorno. “A quem vamos pertencer, como povo e como território? Há várias forças lutando para limpar a nossa terra: o exército curdo, o exército iraquiano, as unidades de proteção da Planície de Nínive e outros. Esperamos que as nossas terras não se tornem terra de disputa. Esta é outra das questões que nos preocupam“.


Os trabalhos de reconstrução também serão imensos após tantos danos da guerra. Estradas e edifícios estão destruídos e não há mais infraestrutura. Se e quando poeira assentar, haverá lugar para os cristãos naquela região que eles chamavam de lar?


Ao concluírem sua carta, as irmãs pediram orações urgentes: “Por um lado, vemos pessoas frustradas e querendo deixar o país; por outro, pessoas ansiosas para retornar e reconstruir suas casas, não importa o quanto elas tenham sido destruídas. Algumas pessoas estão cansadas da situação indefinida, outras estão prontas para voltar e recomeçar do zero. Nós só estamos esperando o ‘decreto de Ciro’ [uma referência ao histórico documento que permitiu que o povo de Israel retornasse do exílio, ndr] para retornar e construir de novo as nossas igrejas e casas“.

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