CARTA DE REPÚDIO À LEGALIZAÇÃO DO ABORTO
A Diocese de Santo Amaro, com o seu Bispo Diocesano D. José Negri e todos os seus Padres repudiam a Ação do Supremo Tribunal Federal (STF) em ampliar a legalidade do aborto para até o terceiro mês de gravidez e descriminalizar os processos abortivos já praticados até as doze primeiras semanas de gestação.
Repudiamos já as situações nas quais o aborto não é criminalizado, que são os casos de anencefalia do feto, de mulheres vítimas de estupro e quando a gestação representa risco para a mulher.
Manifestamos nossa postura contrária à descriminalização em todas estas situações, pois, além de ferir o dom precioso da vida, privam estas crianças do direito de nascer. Sabemos que além da criança estar em um estado de sua maior vulnerabilidade, que é no início de sua vida, a mãe, muitas vezes também se encontra vulnerável, fragilizada por uma situação que foge ao seu controle. A solução para isso não é a facilitação do aborto, promovendo políticas que atentam contra a integridade e dignidade humanas, mas oferecer apoio, com políticas que cuidem tanto da criança quanto da mãe.
Lembramos que a decisão deliberada de privar um ser humano inocente de sua vida é sempre má, desde o ponto de vista moral e nunca pode ser lícita nem como fim nem como meio para um fim bom.
Ignorar o valor da Pessoa Humana, criar políticas e praticar atos que atentem contra a sua integridade, é reduzir a pessoa à condição de coisa, retirando dela sua dignidade. A Pessoa é um fim em si mesmo e nunca um meio. Independente de crenças religiosas ou de convicções filosóficas ou políticas, a vida e a dignidade são valores éticos, são Direitos Naturais que não são frutos de acordos, pactos, nem de concessões que sejam elaboração de um direito positivo ou dependente da vontade dos legisladores. Por mais que seja legalizado o aborto, em qualquer condição, ele nunca será uma prática justa.
O próprio condicionamento natural do ser humano por alguns valores, nos faz respeitar a vida como um destes valores, e o maior deles. Ir contra isso, é ir contra a natureza humana ou à lei moral natural, o que nos faz caminhar para a negação do próprio homem e impedir consequentemente a sua realização e felicidade.
Este é um dos grandes perigos atuais. Há um processo de desumanização do homem onde, valores como a vida, a dignidade, a verdade e a bondade se tornam relativos. Isso traz como consequência a destruição da consciência moral. Assim, o critério das opções éticas não seriam mais o bom senso, mas o consenso.
O Papa Francisco nos fala do grave problema da alterada relação com a vida, da mentalidade muito difundida que fez perder a necessária sensibilidade pessoal e social pelo acolhimento de uma nova vida. O drama do aborto, diz o Papa, é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto semelhante comporta. E ele está sendo tratado pelo Supremo Tribunal Federal com esta superficialidade, sem a devida seriedade para com a vida humana nascente.
A Igreja Católica desde sempre defende a vida nas suas várias fases, e protege o ser humano nos vários estágios de seu desenvolvimento, principalmente onde ele se encontra em maior vulnerabilidade.
Repudiamos, portanto, toda e qualquer prática que promova ou descrimine o aborto em toda e qualquer situação. Nosso objetivo é garantir ao ser humano uma real proteção e dizer um grande SIM à VIDA!
DOM JOSÉ NEGRI
Bispo Diocesano de Santo Amaro