O Papa aos Jovens da JMJ: O sinodo será dos jovens e para todos os jovens
Na Basílica romana de Santa Maria Maior
Papa Na Vigilia Con Os Jovens (Ossservatore © Romano)
Roma - O Papa Francisco participou neste sábado na Basílica romana de Santa Maria Maior, da Vigília de oração promovida pelo Serviço da Pastoral Juvenil da Diocese de Roma.
Este evento realiza-se na véspera do Domingo de Ramos, quando em todas as dioceses do mundo é celebrada a Jornada Mundial da Juventude a nível diocesano, que chega em 2017 à sua 32ª edição.
Trata-se do primeiro encontro do Papa com os jovens no caminho de preparação da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2018 sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
O Papa deixou a mensagem escrita e improvisou. “Esta noite, tem um duplo início de caminho rumo ao Sínodo que tem um tema longo, jovens, fé, discernimento vocacional. O Sínodo dos jovens”, disse o Papa, “e o início do caminho rumo ao Panamá”, disse.
“Um sínodo dos jovens e para todos os jovens” assegurou, nenhum deve sentir-se excluído. “Vocês são os protagonistas. Mas também os jovens que se sentem agnósticos? Sim! Também os que têm uma fé menos consolidada? Sim, e também os que estão mais afastados da Igreja, e os que se sentem ateus”, disse. Porque “os jovens tem muito que dizer aos outros, aos adultos, aos sacerdotes, aos bispos e ao Papa”.
“O mundo de hoje precisa –disse– de jovens ativos, dinâmicos, que sintam que a vida é uma vocação, uma experiência em caminho. O mundo só poderá mudar com jovens assim”. E lamentou o drama dos jovens “descartados, sem trabalho, sem ideais que possam cumprir”.
“Eu estou no fim da vida, Mas os jovens têm uma missão, de falar com os avós. Hoje mais do que nunca temos necessidade desta ponte, deste diálogo, entre os idosos e os jovens, ajudá-los a sonhar, tranformar o sonho dos nossos avós em profecia. É a tarefa que a Igreja vos dá. Não sei se estarei no Panamá em 2018, mas o Papa que lá estiver vai-vos perguntar isso”.
Na vigília esteve presente o arcebispo do Panamá e a cruz das JMJ, vinda de Cracóvia, que este domingo será entregue aos jovens panamianos.
A continuação o texto que o Papa tinha preparado mas que não tem lido.
Queridos jovens! Esta Vigília de Oração constitui o primeiro momento de direto empenho vosso no caminho de preparação para o próximo Sínodo dos Bispos e para a Jornada Mundial da Juventude que terá lugar, no Panamá, pouco tempo depois da assembleia sinodal. O Sínodo, como sabeis, tem por tema os jovens, a fé e o discernimento vocacional.
Como escrevi na Carta aos Jovens que acompanha o Documento preparatório do Sínodo, «quis que estivésseis vós no centro das atenções, porque vos trago no coração». O Sínodo, para o qual estamos a preparar-nos, é um caminho que eu e os meus irmãos bispos queremos realizar juntamente convosco: vós deveis ser os seus protagonistas. Desejamos escutar a vossa voz e conhecer as vossas ideias, ajudando-nos assim a contribuir para a vossa alegria (cf. 2 Cor 1, 24).
Nenhum jovem se deve sentir excluído; não podemos contentar-nos de caminhar apenas com aqueles que partilham a pertença eclesial, deixando os outros fora da porta da Igreja. Todos os jovens têm o direito de ser acompanhados na sua busca de sentido, a fim de corresponderem ao projeto de Deus e encontrarem o seu lugar na vida. Aos jovens do mundo inteiro e sobretudo a vós, jovens da minha diocese de Roma e das outras dioceses do Lácio, confio a missão de envolver neste caminho sinodal os vossos amigos nas escolas, no mundo do trabalho, nos centros desportivos, nos ambientes dos tempos livres, contagiando-os com uma vida capaz de testemunhar a beleza do Evangelho.
Como sabeis, às vezes os jovens, incapazes de lidar com a solidão e o mal-estar interior, escolhem a violência para se afirmar a si mesmos. Sede vós os primeiros a reagir a estas formas de prepotência, fazendo ver a beleza de viver uns com os outros.
Permanecei ao lado daqueles que estão em dificuldade. Integrai-os na vossa amizade e caminhai com eles. O Evangelho, que escutamos, apresenta-nos a viagem jubilosa empreendida por Maria para Se pôr ao serviço de Isabel, que estava grávida de João Batista. Nesta Basílica, que é o solar mais antigo de Nossa Senhora na cidade de Roma e no Ocidente.
Ela própria nos convida a sair de nós mesmos, tomando consciência de que cada um pode dizer: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 273). Nesta perspetiva, podemos compreender o significado de colocar o discernimento vocacional como ponto central do próximo Sínodo.
Não basta perguntar-se «quem sou eu?», como frequentemente propõe a cultura dominante. Se ficarmos por esta pergunta, corremos o risco de acabar fechados numa visão narcisista, que impede a nossa realização. Ao contrário, é preciso mudar a direção da questão, perguntando-se «para quem sou eu?» Com efeito, a felicidade consiste no dom de nós mesmos, a exemplo de Jesus que oferece a sua vida pela humanidade. Isto mesmo nos lembra a Semana Santa prestes a iniciar.
Ao pé da cruz, encontraremos Maria e o Discípulo amado, que nos acompanham no percurso para o Sínodo. Precisamente no Gólgota, o Discípulo «cuidará do sofrimento profundo da Mãe, a Quem é confiado, assumindo a responsabilidade de cuidar d’Ela» (Sínodo dos Bispos – XV Assembleia Geral Ordinária, Documento Preparatório).
Será precisamente ele o primeiro a correr, juntamente com Pedro, para o sepulcro na manhã de Páscoa e, depois no lago de Tiberíades, a reconhecer o Ressuscitado, exclamando: «É o Senhor!» Sabemos que a ressurreição de Jesus não é um acontecimento do passado: a sua luz estendesse até ao dia de hoje e alcança-nos também a nós, dando-nos a capacidade e a força para construir um mundo melhor.
Que a JMJ, que vamos celebrar amanhã em todas as dioceses do mundo, reforce a vossa fé no Ressuscitado e o desejo de O seguir com generosidade e entusiasmo. Assim, no decurso comum dos vossos dias, mesmo nos momentos mais difíceis, podereis vencer o desânimo, crer na força da vida e dar esperança ao nosso tempo. Que Maria e João, dois jovens como vós, nos apoiem neste tempo sinodal.