Dia de Oração e Jejum pela Síria: unidos aos irmãos que são carne viva de Cristo
Jovem na Igreja de Al-Saleeb, em al-Qassaa, Damasco, no Domingo de Ramos - REUTERS
Roma – A única solução possível para o conflito na Síria é política, cujo futuro, porém, poderia não contemplar Bashar al-Assad no poder. É o que emerge da reunião realizada na cidade italiana de Lucca e que reuniu Ministros do Exterior do G7, de países do Golfo, além de Turquia.
Unânime foi a ideia de não isolar a Rússia, mas sim envolvê-la no processo de paz. E justamente com estas diretivas o Secretário de Estado EUA Tillerman, encontrará esta quarta-feira em Moscou seu homólogo Lavrov. O Kremlin não exclui em encontro com o Presidente Putin.
A Rússia, por fim, aguarda uma investigação conjunta sobre a tragédia de Idlib. E precisamente da condenação dos fatos ocorridos, nasce a iniciativa Dia de Jejum e Oração pela Síria esta quarta-feira, promovida pela Caritas e Pax Christi.
A Rádio Vaticano entrevistou neste sentido o Diretor da Caritas Itália, Padre Francesco Soddu:
“Consideramos que seria oportuno, junto com a Pax Christi, um momento de parada, de reflexão, que indicamos com a Semana Santa, em particular antes do Tríduo Pascal, para que a nossa atenção, dos cristãos, de quem, de uma forma ou outra sente-se envolvido por tudo isto que acontece no mundo – dando a isto um significado, uma chave de leitura e de interpretação cristã – não corram o risco de não colher tudo aquilo que está acontecendo, em modo particular na Síria na última semana, mas não somente: recordemos o Congo, o Sudão do Sul, o Iêmen”.
RV: Na luz da esperança da Páscoa, que significado adquire este Dia de Oração e Jejum “para não esquecer”?
"Certamente, o de estar junto com Jesus, por exemplo, no Jardim das Oliveiras, no Jardim do Getsêmani, quando Ele disse aos seus discípulos: "Permanecei comigo, vigiai, orai”. Assim, a vigília, a oração, que depois se manifesta em um gesto também exterior, o do jejum, isto é, renunciar a alguma coisa para estar próximo a Deus, para glorificar Deus, aprofundar a comunhão com Ele no espírito e ser coparticipantes dos sofrimentos das pessoas. Estar unidos a Cristo e aos irmãos que neste momento são a carne viva de Cristo”.
RV: A firme condenação dos acontecimento em Idlib, o que custou a vida a 70 pessoas, entre as quais 25 crianças, também inspirou a realização deste dia. Por que a Caritas permanece ao lado das vítimas?
“Permanece do lado das vítimas porque como sempre a Igreja nos ensinou, não se pode testemunhar a caridade se não se parte dos últimos. Neste caso os últimos são estas pessoas e não somente elas, mas todos aqueles que no mundo enfrentam as mesmas dificuldades, a mesma cruz. Portanto, uma coparticipação àquelas que são as indicações que nos chegam da Igreja, da voz com autoridade do Papa que constantemente nos torna, por assim dizer, partícipes de seu ser sentinela na Igreja e no mundo”.
RV: O Papa em diversas ocasiões falou de “terceira guerra mundial em pedaços”, convidando-nos a não permitir que em nosso coração esteja escrito “E o que me importa?”. Como construir um futuro duradouro de paz, baseado na cultura da não violência?
“Antes de tudo, fazendo-nos promotores de uma correta informação, por meio das organizações e também de momentos como estes, a partir da própria pessoa. A oração do justo sobe a Deus e nada se perde nas mãos de Deus. Uma grande confiança, uma grande caridade conjugada à fé - como nos diz São Tiago na sua Carta - colocada nas mãos de Deus, retorna a nós em bênçãos. Peçamos ao Senhor esta graça: que nos dê a sua paz”.