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Homilias de Dom Fernando Antônio Figueiredo

Jo 20,1-9 – A Ressurreição de Jesus.




Entre os Apóstolos e discípulos do Mestre reinava o desalento. Teria sido Ele abandonado por Deus? Por que, tão jovem e portador de esperança para tantas pessoas, teria Ele sido submetido a uma morte tão desonrosa? Alguns deles, desiludidos, deixavam a cidade de Jerusalém, retornando às suas vilas. Seria Ele de fato o Messias esperado? O que fazer? A derrota era irremediável, seus sonhos de glória caíam por terra e um profundo amargor buscava dominar seus corações.


Mas eis que no primeiro dia da semana, bem cedo, Maria Madalena e algumas outras mulheres vão ao túmulo de Jesus. Embora o sol ainda não tivesse raiado, sua luz bruxuleante permitia-lhes notar que algo tinha acontecido. Aproximando-se, elas percebem que a pedra tinha sido removida, e, lançando um olhar para dentro do sepulcro, veem que ele estava vazio, mas não totalmente: as faixas de linho conservavam a forma do corpo de Jesus; prova de que algo acontecera. Sem demora, como uma das primeiras evangelizadoras, Maria corre até Simão Pedro e ao outro discípulo, que céleres se dirigem ao local do sepultamento de Jesus. Eles farão a verificação “oficial” do túmulo vazio. Por causa de sua juventude, também, segundo alguns S. Padres, “pelo zelo de seu amor”, João vai mais rápido, chega por primeiro ao sepulcro, olha para dentro, mas não entra. Sinal de notável deferência a Pedro, que ao chegar, levado por seu temperamento impetuoso, entra imediatamente, “vê os panos de linho por terra e o sudário que cobrira a cabeça de Jesus”.


Logo após, “entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: e viu e creu”. Se a precedência foi dada a Pedro, cabe a João a fé na ressurreição, compreendida não como uma retomada da vida anterior, assim foi a de Lázaro, mas como a entrada definitiva do Senhor na vida eterna. Se a constatação do túmulo vazio constitui um valioso pressuposto para a fé na ressurreição, suas aparições afastam as dúvidas remanescentes, sobretudo mais tarde, quando, encontrando-os reunidos, Jesus pede aos Apóstolos do que comer, e manda Tomé tocar as chagas de suas mãos e de seu peito.


À frente dos Apóstolos, Jesus ressuscitado, que os conduz ao reconhecimento de sua forma mais elevada de existência, sinal da libertação de todas as amarras que nos mantêm limitados neste mundo. Através de sua corporeidade transfigurada, dá-se o processo de restauração da unidade da humanidade futura, na qual a morte não tem a última palavra. Na verdade, ela é a porta de entrada para a plena realização do Reino de Deus na vida de cada um de nós. “Em Cristo ressuscitado, proclama S. João Crisóstomo, já se estabeleceu um reino aberto a todos. Ninguém chore pelos próprios pecados, porque o perdão emergiu do túmulo. Ninguém mais tenha medo da morte, porque dela nos livrou a morte do Salvador. Cristo ressuscitou, e os anjos rejubilam; Cristo ressuscitou, e a vida está coroada”.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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