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Homilias de Dom Fernando Antônio Figueiredo

Mt 28,8-15 – Aparição de Jesus às santas mulheres




João Batista vivia no deserto, lugar do escatológico novo início, segundo a perspectiva do Êxodo, e pregava aos que vinham a ele; Jesus, por sua vez, ia ao encontro das pessoas, peregrinando de cidade em cidade, numa vida itinerante. Sua voz era ouvida nas sinagogas e no Templo; noutras ocasiões, Ele falava às multidões, reunidas em lugares desertos ou à beira do lago de Genesaré. Acompanhavam-no os Apóstolos, fiéis seguidores, e as santas mulheres que demostravam sincera afabilidade e generosidade.


Após o sepultamento do Mestre, elas foram, justamente, as primeiras a irem ao túmulo para lhe prestar homenagem. Ao chegarem, notaram que ele estava vazio, porém, à sua entrada, guardando o recinto, um anjo, que as tranquilizava: “Não temais! Sei que vós estais procurando Jesus, o Crucificado. Ele não está aqui, ele ressurgiu, conforme havia dito”. Anúncio da vitória da vida, realidade escondida, qual casulo, no interior da morte, início de um novo tempo, primícias da consumação dos séculos. Nesse sentido, exclama Melitão de Sardes: “Ressuscitando dos mortos, Jesus ressuscitou também a humanidade das profundezas do sepulcro”.


O sol projetava seus primeiros raios de luz, as santas mulheres, sem compreenderem bem o significado das palavras do anjo, com os olhos marejados de lágrimas, temem que o corpo do Senhor tenha sido levado pelos soldados. Mas sempre compreensivo e bondoso, o próprio Jesus “sai ao encontro delas, dizendo-lhes: alegrai-vos. Reconhecendo-o, elas se aproximam dele, abraçam-lhe os pés, e se prostram diante dele”. A tristeza desaparece, dando imediato lugar à alegria e à gozosa adoração; lugar de dor e de lamentação, o sepulcro se torna expressão de esperança e de conforto. Então, apressadamente, com lágrimas de alegria, elas partem para dar a boa-nova aos Apóstolos e transmitir-lhes a mensagem do Senhor: “Anunciai a meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão”.


Ao saber do sucedido, os chefes dos sacerdotes, no intento de impedir a divulgação do fato, fruto da ação gratuita e benevolente de Deus, subornam os guardas, para dizerem que, enquanto dormiam, os discípulos tinham roubado e escondido o corpo de Jesus. No entanto, por cima da colina, já brilhava uma claridade, sempre mais luzente, branca e radiante: era a presença do Ressuscitado, que inaugurava seu Reino de infinita misericórdia, presente lá onde sua missão é reconhecida como serviço de amor, sentido decisivo da vida humana, força eficaz para reunir, numa única comunidade futura, todos os povos.



Dom Fernando Antônio Figueiredo, ofm

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