Plenária da Secretaria para a Comunicação: Papa, atenção às situações de pobreza
Cidade do Vaticano - O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira (04/05), na Sala do Consistório, no Vaticano, quarenta participantes da primeira Plenária da Secretaria para a Comunicação (SPC).
Este organismo vaticano está “comprometido em aprofundar o conhecimento recíproco e examinar os passos até agora realizados pelo dicastério que eu quis para renovar o sistema de comunicação da Santa Sé, além de refletir sobre um tema atual e sugestivo como o da cultura digital”.
Francisco ressaltou que a plenária tem como objetivo “estudar critérios e modalidades novas para comunicar o Evangelho da misericórdia a todas as pessoas, no coração das várias culturas, através dos meios de comunicação que o novo contexto cultural digital coloca à disposição”.
Plena reforma
“Este dicastério, que completará dois anos em 27 de junho próximo, se encontra em plena reforma, a partir do momento que é uma realidade nova que está fazendo passos irreversíveis. Neste caso, não se trata de uma coordenação ou fusão de dicastérios precedentes, mas de construir uma verdadeira e própria instituição a partir do zero, como escrevi no Motu proprio de sua fundação:
«O atual contexto comunicativo, caracterizado pela presença e pelo desenvolvimento dos meios de comunicação digitais, pelos fatores de convergência e interatividade, exige uma revisão do sistema informativo da Santa Sé, comprometendo-a numa reorganização que, valorizando aquilo que ao longo da história se desenvolveu no interior da estrutura da comunicação da Sé Apostólica, proceda decididamente rumo a uma integração e gestão unitária. Por estes motivos, determinei que todas as realidades que, de vários modos, até hoje se ocuparam da comunicação, sejam reunidas num novo Dicastério da Cúria Romana, que será denominado Secretaria para a Comunicação. Desta forma, o sistema comunicativo da Santa Sé responderá cada vez melhor às exigências da missão da Igreja.»
Convergência digital
O Papa disse ainda que “este novo sistema de comunicação nasce da exigência de convergência digital. No passado, toda modalidade de comunicação tinha seus próprios canais. Toda forma expressiva tinha seu próprio meio: palavras escritas, jornal e livros, imagens, fotografias, cinema e televisão, palavras proferidas, música, rádio e CDs. Todas essas formas de comunicação hoje são transmitidas com um único código do sistema binário.
“Neste quadro, o “L’Osservatore Romano”, que do próximo ano irá fazer parte do novo dicastério, deverá encontrar uma modalidade nova e diferente para alcançar um número de leitores superior ao que consegue realizar no formato de papel. A Rádio Vaticano, que há anos se tornou um conjunto de portais, deve ser repensada segundo novos modelos e se adequar às modernas tecnologias e necessidades de nosso tempo.
A propósito do serviço radiofônico, desejo sublinhar o esforço que o Dicastério está fazendo em relação aos países de baixa disponibilidade tecnológica, penso por exemplo na África, para a racionalização das ondas curtas que nunca foram cortadas. Daqui a alguns meses a Livraria Editora Vaticana, antiga Tipografia Poliglota Vaticana, e também o “L’Osservatore Romano” farão parte da grande comunidade de trabalho do novo Dicastério. Isso requer a disponibilidade de se harmonizar com o novo design de produção e distribuição.”
Critério
O Papa concluiu seu discurso, afirmando que “a história é, sem dúvida, um patrimônio de experiências preciosas que deve ser conservada e usada como impulso para o futuro. Diferentemente, se reduziria a um museu, interessante e bonito de visitar, mas incapaz de dar força e coragem ao prosseguimento do caminho. Neste horizonte de construção de um novo sistema de comunicação, se insere a formação e atualização dos funcionários”.
“Com a contribuição de cada um será possível levar a termo esta reforma”, disse Francisco. Segundo o Papa, o critério que guia esta reforma “é apostólico e missionário, com uma atenção especial às situações de pobreza e dificuldade, na consciência de que também elas hoje devem ser enfrentadas com soluções adequadas”. “Assim, é possível levar o Evangelho a todos, valorizar os recursos humanos, sem substituir a comunicação das Igrejas locais, e ao mesmo tempo, ajudar as comunidades eclesiais que mais precisam”, concluiu.