Homilia: 14 Domingo Comum Ano A
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Irmãos e irmãs, hoje Deus nos convida a não temer o testemunho da fé. Esta nos enche de esperança; esperança está fundamentada na Palavra de Deus que, por ser a Verdade, não se engana nem pode enganar. E a autoridade da Palavra de Deus, tem sua fonte n’Ele, mas é sempre testemunhada pela Igreja ao longo dos séculos. Como?
Nós temos dois tipos de confirmação da Palavra de Deus que nos é anunciada. Em primeiro lugar por aqueles que o Senhor constituiu para tal: os Apóstolos e seus sucessores, os Bispos como um Colégio em comunhão e na obediência ao Príncipe dos Apóstolos, São Pedro e todos os seus Sucessores; em segundo lugar pelos sinais que acompanham a pregação: os milagres.
No entanto, a pregação confirmada pelos milagres pode ter variadas interpretações. De fato, sempre haverão pessoas que se vinculam a este aspecto da ação de Deus. Mas isto somente não é suficiente, pois pode dar ocasião a muitas confusões. Os milagres que Deus concede pela pregação, aos que a acolhem com fé, é um auxílio à nossa fraqueza e à nossa lentidão em crer. Todavia, o Senhor deseja muito mais de nós. Os que buscavam milagres e curas, os que haviam se alimentado com a multiplicação dos pães, todos estes abandonaram o Senhor quando Ele começou a apresentar-lhes o que desejava de fato: “é preciso comer minha carne e beber meu sangue”; “o pão que eu darei permanece para a vida eterna”, modos de expressar o que realmente lhe importa: que estejamos sempre em comunhão com Ele por amor, ou seja, que nos mantenhamos naquela intimidade que é própria dos que amam, não importando se ganhamos isto ou aquilo, pois para quem ama, basta o amado que é a razão de ser do amante!
Neste sentido, hoje ouvimos o que se deu pela pregação do Diácono Filipe na região da Samaria: pregação, milagres e a conseqüente fé. Mas isto ainda não era tudo. Por isso, descem os Apóstolos Pedro e João para verificar se as coisas estavam mesmo de acordo com a Palavra que o próprio Cristo lhes havia anunciado. Confirmam e, impondo as mãos sobre eles, lhes comunicam o Espírito Santo, coisa que não podia e nem pode um Diácono realizar. Necessidade, portando de se receber o Sacramento da Crisma!
O Espírito Santo é o Dom que o Senhor hoje nos promete como Outro Paráclito, para indicar a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É próprio da missão do Espírito Santo nos unir ao Filho, nos indicar o que Ele nos diz e nos levar à compreensão mais profunda daquilo que nos revelou, por sua vez, da parte do Pai. Ou seja, o Espírito, a Pessoa Divina que une numa relação de Amor Infinito o Pai e o Filho, não age, por isso, de modo independente nem nos revela nada de novo, a não ser uma melhor compreensão do que nos disse Jesus.
Assim, ouvimos hoje o convite que São Pedro faz a todos os cristãos, qual seja: “Venerai Cristo Senhor em vossos corações, sempre prontos a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança”.
Necessitamos do Espírito para isso. Como disse, a fé vem pela pregação que também gera a esperança da vida eterna. As duas virtudes, chamadas teologais, porque vem de Deus e a Deus nos levam, quase que se confundem e se identificam. Elas precisam ser também razoáveis. Isto é, a nossa fé não pode se basear somente em milagres, nossa esperança em adquirir coisas somente para a vida neste mundo, sinais que Deus concede à nossa fraqueza, pois uma vez que cremos no Amor de Deus, somos filhos seus, vivemos no seu Amor, isto nos deve já sustentar no caminho da fé, mesmo que soframos por isso. Aliás são estes também, o sofrimento e a cruz por fazermos o bem, o sinal de que estamos de fato no caminho de Jesus. A atitude dos que tem fé, pois, é buscar sempre mais conhecê-la para poder testemunhar e argumentar com os que não crêem e que ficam buscando confirmações em milagres somente. O Milagre por excelência, o Senhor nos concede a cada Santa Missa: Cristo mesmo se faz presente e se dá em alimento para a vida eterna na Eucaristia, nos fortalecendo, porque conosco, para podermos viver agradando a Deus e, deste modo, alcançando a verdadeira felicidade.
Há outro aspecto da missão do Espírito, cuja vinda iremos logo celebrar, que importa salientar.
Sendo Espírito de Amor, derramado que foi em nossos corações quando fomos batizados e crismados, Ele nos leva a amar Jesus e a cumprir seus mandamentos. O cumprimento destes é que indica o quanto O amamos e se O amamos. E se o amamos, hoje temos a promessa da sua manifestação a nós. Esta é outra forma de dizer que Ele não nos abandonará nunca. Ele não nos deixa órfãos e pela promessa do Espírito, e pelo seu cumprimento, Ele continua presente nos acompanhando nos nossos caminhos.
Que grande consolação esta: não estamos sozinhos, mesmo quando abandonados por todos! Ele está conosco e conSigo nos concede também o doce convívio com o Pai e o Espírito, a quem sejam dadas poder, honra e glória, pelos séculos dos séculos, amém!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Autor: Prof. Pe. Mestre Samuel Pereira Viana Nascido em Duque de Caxias (RJ) e Ordenado Presbítero na Diocese de Santo Amaro. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.Pároco: Paróquia São José (2008- atualmente).