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Homilia: 15 Domingo Comum Ano A


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



Irmãos e irmãs, Dominica Dies, o Domingo é dia do Senhor! Dia d’Ele, porque é um dia diferente dos outros dias. Como Deus criou todas as coisas, visíveis e invisíveis, em seis dias e no sétimo descansou, este dia, aparece, segundo a Bondade Divina como um novum, como uma novidade aos sete da primeira criação. É, pela sua novidade, como “um dia a mais”, ou como um penetrar mais profundo no significado da obra criadora de Deus. Oitavo dia, portanto, para celebrar o que se deu na sua madrugada, a Ressurreição do Senhor que resgatou e resgata toda a primeira Criação n’Ele, fazendo “novas todas as coisas”. “Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Col 1,19-20).


O Domingo é, pois, o dia de celebrar a imensa Bondade de Deus que não quis deixar o que criou sob o jugo do pecado e da morte, mas de estabelecer a Paz. Esta Paz, que encontramos em Cristo, é para ser celebrada e assim vivida. Reservar o Domingo para nosso descanso, para nossa família, nossos amigos, nossas visitas e nosso lazer é justo e está de acordo com a natureza deste dia. Há um porém. Se nós tudo isto fazemos e vivemos como um dom dAquele que o fez para nós; somente dando a Deus o primeiro lugar, na participação da Missa Dominical e nos dias santos, é que nós conseguimos viver de verdade todas estas coisas, uma vez que tudo quanto há, só existe de verdade, isto é, só consegue chegar ao seu pleno sentido em Deus que “é Aquele que é”, ou a Máxima realidade, ou ainda, O Único que existe por Si mesmo sem de nada depender, sendo por isso a Origem sem origem da realidade e O que a sustenta com o seu Poder e com o seu Amor.


Neste dia, por isso, somos obrigados, não por força, mas pelo suave peso do Amor a nos desprender das ocupações e preocupações de cada dia para elevar nosso coração ao Senhor. Do profundo de nós mesmos, sairmos e ter com Aquele, o Único que pode nos saciar do que nós experimentamos no escorregar do tempo ao longo da semana. N’Ele, tudo encontra sentido; nEle nós mesmos encontramos nossa razão de ser; Ele é Aquele que sempre nos chama, nos acolhe e nos acompanha sempre com a sua bênção e com o seu Amor.


Caros irmãos, isto tudo é fundamental, pois no Dominica Dies, de modo especial nós somos chamados a nos deixar arar pelo Senhor. Sim, Ele quer ser o Divino Agricultor e Semeador em nós.


Ouvimos, do Profeta Isaías, sobre a eficácia da Palavra de Deus. Quando Deus diz, Deus faz. Palavra e ação em Deus não tem hiato, separação. Por isso em Gn lemos: E “Deus disse, “fiat lux”, e a luz se fez”.


Na Parábola do Semeador, que o próprio Senhor explica, há algo que é bom salientar sempre. Em todas as espécies de terreno, Ele lança a semente da Palavra. Poderíamos perguntar: mas se Ele conhece todas as espécies de terreno, que são as pessoas, ou o coração delas, a intimidade, e sabe das respostas que cada qual vai dar e tudo o que vai acontecer, por que não lançá-las somente na terra boa?


Essa pergunta nós formulamos segundo nosso modo mesquinho de julgar a ação amorosa de Deus. Mas uma consideração mais atenta da sua Palavra revela para nós a Onipotência de Deus e a relação com a nossa liberdade. Deus quer, mas não à força, por ser Amor. O Amor se dá. E ao Amor só é possível pagar com Amor. Quem com amor não paga ao Amor, não recebe, porque não acolhe e, por isso, não goza do Amor. Na verdade, o despreza.


Deus, ao nos criar por Amor, e livres! , o fez por aquela única aventura digna do Amor. E o poeta francês, Antoine de Saint-Exupéry, escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial, o descreve no seu “Pequeno Príncipe” com as seguintes palavras: “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar”... E Deus, caros irmãos, deu-nos seu Filho que por Amor morreu por nós! Não só derramou lágrimas em abundância, mas morreu! Por Amor, por aquele que também o poeta descreve com simples palavras: “O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem”. Deus é o Amor e dá-Se continuamente a nós a cada Domingo na sua Palavra e em seu Filho na Eucaristia, pelo Espírito, para nos ter junto de Si, sempre...


Mas, repito: não à força! E Ele faz nascer o Sol e a chuva cair, sobre bons e maus, porque ama a todos. Porém, muitos não gozam deste Amor, porque são maus terrenos, onde a Sua Palavra, mesmo tocando não frutifica, não por impotência, mas por falta de ser arada ou por negação de ser cultivada por este mesmo Amor.


A liberdade dos filhos de Deus de que fala São Paulo, e que Deus nos deu ao criar-nos, foi enfraquecida pelo pecado, mas não destruída. Todos a queremos, todos lutamos por ela, porém esta liberdade nós só encontramos verdadeiramente no Amor de Deus, que é Aquele que é o Único Absolutamente livre e que quer nos libertar. Aguardamos ansiosamente, posto que, tanto o amor quanto a liberdade, são dons de Deus, mas também tarefa humana. Somos chamados hoje a nos deixar arar por Deus na nossa intimidade, nos relacionando conosco mesmos, saindo da exterioridade vazia de sentido, para lá, no profundo de nós, encontrar Deus, que nos aguarda, para nos libertar de nós mesmos, nos lançando para a aventura do amor n’Ele somente. Esta obra de libertação somente Deus a pode realizar, não porém, se nós não quisermos nem permitirmos. Deus é Amor e o Amor de Deus, ouso dizer com temor e tremor, tem esse limite que se auto-impôs: nós mesmos na confusão que fazemos entre ser verdadeiramente livres e agir como animais que precisam de freio e cabresto, agindo somente para a satisfação dos instintos, muitas vezes os mais baixos, buscando aquela felicidade que é própria dos animais sem razão, mas não a dos filhos de Deus.


Irmãos, Dominica Dies, Dia do Senhor, dia de nos deixarmos arar para produzirmos frutos durante a semana e podermos apresentá-los quais primícias a Deus, em culto que lhe seja agradável! Que a Eucaristia que estamos celebrando chegue ao Pai, e que nela possamos sempre depositar frutos de amor, e que seja Deus a purificá-los, aceitá-los e ser- nos propício. Amém!



Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



Autor: Prof. Pe. Mestre Samuel Pereira Viana Nascido em Duque de Caxias (RJ) e Ordenado Presbítero na Diocese de Santo Amaro. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.Pároco: Paróquia São José (2008- atualmente)

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