Homilia: 15.10.2017 - 28 Domingo Comum
Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Irmãos e irmãs, “felizes os convidados para o Banquete Nupcial do Cordeiro”. É o convite que a Igreja, através dos seus sacerdotes dirige aos fiéis a cada Missa. Convite que enche de alegria. Alegria esta reconhecida no próprio convite.
A imagem do Banquete, nas mais diversas culturas e religiões, ou de uma simples refeição sempre foi carregado com os mais sublimes significados. Na refeição nós não partilhamos somente algo para comer, aliás, isto nem é o mais importante. Numa refeição, partilha-se a alegria e o amor. Mas não só. A refeição serve também para indicar exatamente o seu oposto: “pão das lágrimas”. Expressão que indica profundo sofrimento. Deste modo, entre estes extremos: vida e alegria; angústia e morte, nós encontramos o profundo significado de uma refeição, de um banquete.
Numa refeição, mais do que aquilo que se prepara para se comer, está presente algo que vai além, muito além do mero saciar o estômago. Numa refeição, o prato principal se encontra disposto bem antes, é servido durante e ainda se mantém depois terminada a refeição. O que é o antes, durante e pós-refeição é o que é motivo para prepará-lo. Convidar à refeição é convidar ao amor; é convidar a partilhar seja a alegria ou tristeza; é convidar a receber a um dar-se; enfim, aceitar partilhar uma refeição é uma condescendência, é um render-se ao amor...
Quem somente deseja saciar o estômago, ainda não penetrou no significado profundo do que é de fato ser humano e o que é amar; mais, ainda não compreendeu o convite que hoje ouvimos do próprio Deus: um convite a partilharmos do grande banquete que nos prepara no Céu e que tem seu início na Eucaristia. Daqui, toda refeição ter um caráter quase que sagrado, porque dele brota; daqui sermos convidados a tomá-la em atitude de profunda gratidão a Deus que faz o alimento crescer e nos concede conquistá-lo com o honesto trabalho... É uma celebração amorosa entre Deus e nós; entre nós e os que amamos...
Se numa refeição nós nos damos, o fazemos porque de Deus, mesmo ser ter consciência, aprendemos todas as vezes que respondemos ao convite sacerdotal: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei, uma só palavra e serei salvo”. Sempre haverá uma grande distância entre Deus que nos convida e nós os convidados. Distância que somente o Amor transpõe, por isso agradecemos na Oração Eucarística II: “Nós vos agradecemos, porque nos tornastes dignos de estar aqui na vossa presença e vos servir”.
Este correr do Amor em direção ao amado, de Deus em nossa direção, hoje nos é apresentado pelo Profeta Isaías na I Leitura. Não mais somente ao Povo de Israel. Deus o promete a todos os povos!
Esta mesma imagem do Banquete e de tudo o que significa, Nosso Senhor utiliza em mais uma das Parábolas do Reino dos Céus. Entretanto, tal mensagem não permanece na exterioridade dos sinais, antes, nos introduzem na interioridade exigente do amor.
Diante deste convite que Deus dirige a todos, não há desculpa sem afirmação de uma culpa maior. O que pode haver de mais importante do que o Amor de Deus que Se oferece? Nossos negócios, nossos afazeres, nossos interesses que tantas vezes geram injustiças e morte? Se alguém duvida disso, basta considerar o drama que vivem muitos nestes dias em que morrem de fome enquanto o mundo se preocupa com sua crise financeira, causada justamente pela busca desenfreada do lucro e do bem estar, sem dar a mínima atenção às necessidades básicas dos que continuamente padecem...
O Profeta Isaías e Nosso Senhor se dirigem ao Povo de Deus, mostrando sua responsabilidade neste Banquete do Amor, como sinal para todos os povos. Recusam e, por isso, é estendido aos que se encontram pelo caminho... bons e maus!
Aqui, porém, é necessário evitar um equívoco. Como disse, o convite do Senhor é ao Amor. E ao Amor se responde com amor. Por ser estendido a bons e maus, não significa que estes podem entrar e tomar lugar no Banquete como se nada antes não devesse ser preparado. O que oferece o Banquete, aos bons e maus exige a veste de festa nupcial. Como que a dizer, especifica que tipo de traje permitirá gozar da festa nupcial, sem a qual não será possível lá permanecer. Tal traje indica as boas obras, a vida na graça de Deus; em outras palavras, significa responder ao Amor com amor; significa amar o Amor...
Irmãos, São Paulo, agradecendo aos Filipenses pela ajuda recebida nos indica uma destas boas obras que é tomar parte na sua aflição, nas suas necessidades. Ajudando o Apóstolo eles partilharam o amor e receberam uma lição que serve a nós: a necessidade de aprendermos a viver com pouco e com muito, sem fazer caso de uma coisa ou outra, posto que o que realmente deve estar em primeiro lugar é a nossa relação com Deus que nos garante poder tudo, pois nos fortalece.
Caros, este tempo que o Senhor nos concede viver, é tempo de graça afim de tecer nossas veste nupciais. Ele não nos nega o convite que nos garante felicidade a cada Eucaristia celebrada, mas reconheçamos: não somos dignos! Donde deriva que temos que continuamente nos esforçar para tanto. Ele nos aguarda para nos prepararmos a tal Banquete no Sacramento da Reconciliação e na vida de fé, na prática das boas obras. Não nos esquivemos. Preparemos nossas vestes para não sermos postos fora naquele dia.
E lembrem-se do que nos ensina Santo Agostinho que ensina: “Se sois o corpo e os membros de Cristo, é o vosso sacramento que é colocado sobre a mesa do Senhor; recebeis o vosso sacramento. Respondeis ‘Amém’ àquilo que recebeis, e confirmais ao responder. Ouvis esta palavras: ‘O Corpo de Cristo’, e respondeis: ‘Amém’. Sede, pois, um membro de Cristo, para que o vosso Amém seja verdadeiro” (Sermo 272).
Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Autor: Prof. Pe. Mestre Samuel Pereira Viana Nascido em Duque de Caxias (RJ) e Ordenado Presbítero na Diocese de Santo Amaro. Mestre em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.