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Papa:“Desemprego danifica a dignidade das pessoas e fere os valores fundamentais”


Angelus do papa Francisco na Praça Maior de Bolonha. Foto: Rádio Vaticano/AFP


Neste mês de outubro, o papa Francisco em sua intenção de oração conclama a todos a proteger e assegurar os direitos dos trabalhadores de todo o mundo. No “Vídeo do Papa”, que tem a colaboração do Centro Televiso Vaticano, Francisco enfatiza que o desemprego danifica a dignidade das pessoas e fere os valores fundamentais de sua integridade.


No vídeo, o pontífice afirma que o trabalho afeta diretamente a vida, a liberdade, a felicidade e o desenvolvimento das capacidades intelectuais, criativas, afetivas e manuais do ser humano. “Através do trabalho você percebe a si mesmo como pessoa e seu propósito não permanece em si mesmo, mas envolve o bem de todos”, acrescenta.


A situação crítica do desemprego já foi abordada pelo papa em situações anteriores. Ainda neste mês, o papa já havia se pronunciado sobre o assunto em sua viagem à Bolonha, na Itália, quando participou de um encontro com os migrantes no Centro Regional de Via Mattei. Na ocasião, Francisco proferiu um discurso no qual abordou a situação do desemprego. Para ele, são necessárias soluções estáveis, capazes de ajudar as pessoas e as famílias, a encarar o futuro. “O acolhimento e a luta contra a pobreza passam, em grande parte, através do trabalho. Não se pode oferecer ajuda aos pobres sem dar-lhes trabalho e dignidade”, disse.


Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) existem regiões do mundo em situações de alerta em relação ao número de desempregados. Entre os países com as taxas mais altas se encontram, na Europa, Macedônia com 26,7%, Grécia com 23,9% e Espanha com 19,45%; na África, Gâmbia tem 29,69%, Lesoto 27,42% e Suazilândia 25,98%; e na América, República Dominicana tem 14,36%, Jamaica 13,26 e Haiti 13,19%.


No Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio de 2017, cerca de 14 milhões de pessoas procuraram emprego entre fevereiro e abril de 2017. No mesmo período do ano anterior eram cerca de 11 milhões de pessoas. Para o bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora, dom Guilherme Werlang, o desemprego infelizmente ainda é uma das grandes chagas do país.


“O desemprego tira a dignidade da pessoa, o desemprego diminui a autoestima do ser humano, nenhuma vida humana deveria viver de favores, esmolas, cestas básicas ou coisas parecidas”, afirma o bispo. Para ele, o trabalho torna o homem e a mulher participantes da obra, da criação de Deus.


O bispo chama atenção ainda para o fato de vivermos em um sistema econômico baseado no lucro, no qual de acordo com ele muitas vezes se perde o valor da vida humana. “O que estamos vivendo no Brasil é um sistema pecaminoso, porque é excludente e não de inclusão, então nós devemos combatê-lo fortemente e colocar a solidariedade, a partilha e a geração de empregos dignos”, salienta dom Guilherme.


“Que Deus nos abençoe e que nós possamos trabalhar por justiça social que necessariamente passa pelo emprego digno para todos os cidadãos e cidadãs. O desemprego tira a dignidade, o emprego com trabalho justo dá dignidade ao ser humano”, finaliza o bispo.

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