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Depois do Papa, a Igreja em Mianmar jamais será a mesma


Freiras e fiéis saúdam o Papa na sua despedida - AP


Yangun

– A vida dos católicos em Mianmar jamais será a mesma: essas palavras do Cardeal-Arcebispo de Yangun, Charles Bo, resumem bem a visita inédita de quatro dias do Papa ao país.


Como havia anunciado o próprio Francisco antes de partir, a finalidade principal era confirmar os irmãos na fé em meio às provações e aos desafios de um país que, aos poucos, tenta deixar para trás quase 60 anos de ditadura militar.


E as expectativas, seja da parte da comunidade católica local, seja da parte do Pontífice, foram amplamente confirmadas. As 16 dioceses do país se mobilizaram para acolher o seu pastor. Os fiéis não pouparam esforços para estar presente na única missa pública em Yangun, o que comoveu o Papa Francisco. Sincero foi o encontro com os Bispos. Vibrante, com os jovens.


De maioria budista, a viagem do Pontífice tinha certamente uma conotação inter-religiosa. Um evento extraoficial reuniu 17 líderes na sede do Arcebispado para ressaltar a “unidade na diversidade” e reunião com o Conselho Supremo dos monges reafirmou a colaboração e o respeito mútuo.


A diplomacia não ficou de fora. Francisco foi pego de surpresa ao receber a visita do general Min Aung Hlaing assim que chegou a Yangun. O Chefe das Forças Armadas alterou o programa estabelecido e adiantou seu encontro com o Papa, inicialmente previsto para o último dia, 30 de novembro. Com a Conselheira de Estado, Aung San Suu Kyi, o Pontífice reafirmou seu apoio ao processo de transição e reconciliação, no respeito de todas as etnias do país, justamente num momento que a líder histórica se encontra acuada entre a oposição no seu próprio país e as críticas da comunidade internacional. "O futuro de Mianmar é a paz", disse o Pontífice.


A visita também incluiu o tema do respeito do meio ambiente diante das riquezas naturais de Mianmar, que são também fonte de conflito e devastação e, consequentemente, de sofrimento para a população.


Agora a visita prossegue em Bangladesh, com outros temas e desafios, sendo um deles os efeitos da globalização da indiferença. Mas o elo com Mianmar permanece, pois ainda é grande a expectativa para saber o que Francisco dirá sobre a crise na fronteira entre os dois países.

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