Papa vai se centrar nesses dois grandes temas em sua viagem ao Peru e Chile
Cardeal Parolin durante a entrevista. Foto: Captura YouTube / Vatican News
VATICANO - A situação da população indígena e o problema da corrupção serão dois dos principais temas mencionados pelo Papa Francisco em sua próxima viagem apostólica ao Chile e ao Peru, que começará na próxima segunda-feira, 15 de janeiro, de acordo com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.
Em uma entrevista publicada por Vatican News, o Cardeal Parolin salienta que o significado da viagem do Papa ao Peru e ao Chile é “o encontro com a Igreja, é sempre o encontro com a comunidade cristã”.
“O Papa vai como pastor universal da Igreja para encontrar Igrejas locais; naturalmente, Igrejas que são particularmente vivas, particularmente ativas como a Igreja no Chile, como a Igreja no Peru e que, por outro lado, encontram-se também enfrentando numerosos desafios diante da realidade do mundo de hoje”.
De maneira especial, há dois desafios presentes no coração do Papa. “O primeiro é o desafio da população indígena: e aqui me refiro também ao Sínodo sobre a Amazônia, que foi convocado pelo Papa recentemente e que se realizará em 2019”.
Em segundo lugar, está “o tema da corrupção, que impede o desenvolvimento e que impede também a superação da pobreza e da miséria. Creio que não será uma viagem simples, mas será realmente uma viagem muito interessante”.
Na entrevista, o Secretário de Estado também mencionou outros temas, como o próximo Sínodo sobre a juventude, a situação da família ou a reforma da Cúria Romana.
Sínodo sobre a juventude
“O ano 2018 será caracterizado por uma especial concentração da atenção da Igreja em todos os seus níveis sobre os jovens, por conseguinte, sobre suas expectativas, suas aspirações, os desafios que devem enfrentar e também sobre as esperanças que trazem consigo, bem como sobre as fraquezas e os medos”, explicou o Cardeal.
Assinalou que “o mais inovador desta abordagem é a busca de uma nova relação da Igreja com os jovens, marcada por um paradigma de responsabilidade isento de todo e qualquer paternalismo. A Igreja quer entrar verdadeiramente em diálogo com a realidade juvenil, quer entender os jovens e quer ajudá-los”.
O objetivo do Papa e da Igreja é “perguntar aos jovens o que a Igreja pode fazer por eles, qual contribuição podem dar ao Evangelho, para a difusão do Evangelho, hoje!”.
Amoris laetitia
A família se tornou um dos temas de maior interesse pastoral na Igreja “após a celebração dos dois Sínodos e a publicação da Exortação apostólica Amoris laetitia”.
A celebração do Encontro Mundial das Famílias em Dublin (em agosto de 2018) “será uma etapa importante porque é também o primeiro, afinal de contas, após a publicação do documento. Uma etapa de reflexão, uma etapa de aprofundamento e uma etapa também para levar adiante este processo de aplicação das indicações da Amoris laetitia”.
“Eu também acredito que a Amoris laetitia, além de ser um abraço que a Igreja faz à família e a seus problemas no mundo de hoje, possa ajudar realmente a incarnar o Evangelho no seio da família – que já é um Evangelho: o Evangelho da família. Ao mesmo tempo, é um pedido de ajuda às famílias a fim de que colaborem e contribuam para o crescimento da Igreja”.
Reforma da Cúria
O Cardeal Parolin destacou que na reforma da Cúria “já foram dados passos, notáveis passos avante. Já no ano passado, o Papa no discurso à Cúria elencava de certo modo todas as medidas adotadas após estudo, sobretudo por parte do Conselho dos cardeais do C9”.
“Não se trata tanto de insistir nas reformas estruturais, com a promulgação de novas leis, de novas normas, nomeações e assim por diante; mas sobretudo no espírito profundo que deve animar toda e qualquer reforma da Cúria, e é a dimensão fundamental da vida cristã”.
A reforma, portanto, busca “fazer com que a Cúria possa se tornar realmente um auxílio ao Papa para anunciar o Evangelho, para testemunhar o Evangelho, para evangelizar o mundo de hoje”.