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Homilia: VI DOMINGO COMUM ANO B 2018




Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!



Irmãos, já estamos nos aproximando do tempo da Quaresma que terá início com a imposição das cinzas sobre as nossas cabeças. É o sinal de que nos reconhecemos todos como pecadores e necessitados do perdão de Deus que é rico em Misericórdia.


Semana passada, diante do grande número de curas que o Senhor realizara diante da casa de Pedro, após curar sua sogra; depois da atitude de Jesus frente ao aviso que Lhe dá Pedro, sobre o grande número dos que O procuravam, isto é, o seu evadir-se do local e prosseguir para o que Ele veio: anunciar a Boa Nova do Evangelho, lhes exortei a não transformar Jesus num curandeiro. Ele próprio recusa tal alcunha, isto é, tal fama. Ele não quer, repito mais uma vez, que nós nos relacionemos com Ele por mesquinho interesse, mas quer ardentemente que nos dirijamos a Ele, movidos com o mesmo sentimento com o qual deu início à nossa salvação: por amor. Por aquele Amor que tem nele sua fonte e, ao mesmíssimo tempo, sua máxima expressão com sua morte de Cruz.


Pois bem, novamente contemplamos o Senhor curando. Desta vez é mencionada a doença da qual o Senhor cura: a lepra. Antes de prosseguir, gostaria de recordar o que ouvimos na I leitura do Livro do Levítico. Ali, não só é mencionada a lepra, mas também várias doenças de pele. Ora, consideremos as condições sanitárias daquela época. Como fazer para que o contágio não ocorresse? Todos os povos circunstantes, possuíam regras semelhantes. Entretanto, quando o texto nos diz que Deus falou a Moisés, não há aqui o mesmo valor dos Dez Mandamentos; estas regras são medidas sanitárias. Todavia, é necessário sublinhar algo muito importante: o autor ao dizer: “Deus falou a Moisés” não está mentindo nem enganando-nos, pois Deus quer sempre o melhor para o seu povo. A lei de pureza tinha por objetivo maior, proteger os que não haviam se contaminado. Os que eram acometidos por estes males, deveriam portanto se “separar” porque tinham ficado impuros e deveriam avisar os que se aproximavam deles, gritando: “Impuro, impuro”!... Era uma medida anti-contágio que adquiriu um valor religioso ao ligar tal preceito à vontade de Deus que quer o melhor para todos.


O isolamento que daí derivava impedia a pessoa da convivência e do culto a Deus no Templo. Ora, semana passada lhes disse que o Evangelho, Boa Nova, é a notícia do Amor de Deus por nós. Neste sentido, o que Deus deseja é que nós evitemos tudo quanto dEle e dos irmãos nos separa. Neste caso da I Leitura e do Evangelho que hoje ouvimos é a lepra, naquele tempo doença terrível e incurável. Hoje, basta considerar os que estão contaminados com doenças contagiosas. Estas continuam levando repito, levando a muitos ao isolamento e à solidão...


No Evangelho, Nosso Senhor realiza um gesto que não considera esta lei de pureza do Lv. Ele não só cura o leproso, mas o toca. Deveria Ele ter se tornado impuro. Entretanto, Ele que é a Pureza, é Aquele que pode purificar. Purificando, reintegra o leproso na sua relação com Deus, mandando que dê testemunho se apresentando ao Sacerdote e fazendo a oferenda prescrita. Fica restabelecida sua comunhão com Deus e pela chancela do sacerdote sua relação também com os outros.


Assim, caros irmãos, a doença que nos acomete e que hoje nos afasta da comunhão com Deus e com os demais, não é mais a lepra que tem cura, se descoberta cedo, nem mesmo as atuais, que não existiam naquele tempo, mas algo muito mais profundo e que não se cura com medicina ou remédio humano. É a lepra do pecado...


Esta não é incurável, mas nos afasta de Deus e da Igreja a quem ferimos pelo pecado. Entretanto, também a nós o Senhor está disposto a nos estender a mão e nos restabelecer na relação com o Pai que é rico em Misericórdia. Aquilo que se deu entre Jesus e o Leproso se dá entre nós e Ele quando pecamos gravemente e nos apartamos, ficando impuros... Faz-se necessária a medicina do Sacramento da Reconciliação onde o Pai nos estende como que as Suas Mãos que é o Senhor e seu Santo Espírito e, através do ministério da Igreja e dos sacerdotes, nos reintroduz na comunhão consigo e com a Igreja.


Caros irmãos, todos sabemos que mais do que buscarmos a cura, é necessário nos esforçarmos para não adoecer. E como praticar esta medicina preventiva? São Paulo nos indica: “Sede meus imitadores, como eu o sou de Cristo”. Está tudo aqui!!! Neste seguimento do Senhor, na comunhão com Ele e com os demais, nós nos fortalecemos na luta contra a lepra do pecado. E, se acontecer de pecarmos, já disse e repito: o Senhor está pronto a nos estender a mão e a nos tocar com o seu Amor. Aprendamos do leproso esta lição: O Senhor o cura, porque Ele a solicitou. O Senhor somente pode nos perdoar se nós não colocarmos obstáculos ao seu poder. E que obstáculos seriam esses? A soberba, a desconfiança de que Ele pode nos perdoar pelo ministério da Igreja; o não querer reconhecer nossa condição de sempre necessitados do seu Amor e do seu perdão.


Irmãos, Cristo Jesus é somente Ele o verdadeiro Médico dos nossos corpos e das nossas almas. Os males do corpo, muitas vezes são originados nos da alma. Quem não cuida da sua, procurando mantê-la saudável pelo relacionamento com Deus, pela incúria, pelo descuido, se expõe perigosamente também à muitas doenças corporais e de relacionamento com os outros... Cuidado, portanto, com as ocasiões de pecado. Devemos não nos expor ao contágio.


A boa nova do Senhor de hoje, pois, é que Ele não só nos pode curar da lepra do pecado, como não receia nos tocar, purificando-nos...


Que a Virgem Ssma., Salus Infirmorum, Saúde dos Enfermos, posto que nos dá Jesus, proteja todos os enfermos do corpo e da alma e os aproxime de seu Filho para que sejam curados. Amém!


Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Autor: Padre Samuel Pereira Viana

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