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Santíssima Trindade


Os escritores do início da Igreja, conhecidos como Padres ou Pais da Igreja em suas reflexões distinguiam “teologia” de “economia”. Com o primeiro termo eles expressavam o mistério da vida íntima de Deus-Trindade. Com o segundo, eles designavam todas as obras de Deus através das quais ele se revela e comunica a sua vida.


O Catecismo da Igreja Católica, para clarear esta “expressão” dos antigos, dá a seguinte explicação: “Através da “economia” nos é revelada a “teologia”; mas, inversamente, é a “teologia” que ilumina toda a “economia”. As obras de Deus revelam quem ele é em si mesmo; e inversamente, o mistério do seu Ser íntimo ilumina a compreensão de todas as suas obras” (236).


Na liturgia em geral celebramos a “economia”. Do Natal a Pentecostes nós percorremos a história da nossa salvação querida e realizada por Deus. No entanto, na festa da Santíssima Trindade, que ocorrerá no próximo domingo, nós celebraremos a “teologia”, ou seja, o mistério de Deus em sua intimidade. Seu conteúdo é “o ensinamento mais fundamental e essencial na hierarquia das verdades da fé”.


A mais antiga tradição litúrgica não conhece uma celebração específica para a Santíssima Trindade. Ela nasceu da devoção popular, à revelia da hierarquia, até que o Papa João XXII, em 1334 a aprovou, determinando que fosse celebrada no primeiro domingo depois de Pentecostes, como aliás, já havia prescrito o Concílio de Arles em 1263.


A escolha do domingo após Pentecostes, com certeza, quer significar que se está fechando um ciclo. As três Pessoas divinas cooperaram na história até aqui celebrada. A celebração da Santíssima Trindade é como que uma grande ação de graças por tantos benefícios recebidos. É uma espécie de retomada do Natal, da Epifania, da Páscoa, da Ascensão e de Pentecostes.


Pius Parsch, em sua obra “No Mistério de Cristo” observa que, ao colocar a Solenidade da Santíssima Trindade, no domingo imediatamente após Pentecostes, a Igreja deseja lembrar-nos que em cada domingo somos convidados a tomar consciência dos benefícios que a Santíssima Trindade nos concedeu. “O Pai nos criou e no sétimo dia descansou; o domingo é o dia do repouso. O Filho nos resgatou; o domingo é o ‘o dia do Senhor’, o dia de sua Ressurreição. O Espírito Santo nos santificou, fez de nós seus templos; foi num domingo que o Espírito Santo desceu sobre a Igreja nascente. O domingo é, portanto, um dia da Santíssima Trindade”.


As orações da missa expressam de forma bastante clara a doutrina (teologia) da Santíssima Trindade e são todas de fácil compreensão. O prefácio, porém, parece ser o mais claro. Expressa de forma sintética e vigorosa a doutrina da unidade e, ao mesmo tempo, a harmoniosa pluralidade da Santíssima Trindade. “Com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade” (Prefácio da Trindade).


O Evangelho a ser proclamado neste ano B é uma passagem do texto de Marcos. Segundo Pius Parsch, é “a principal passagem da Sagrada Escritura em que as três divinas Pessoas são nomeadas lado a lado. O Cristo dá aos seus Apóstolos a ordem de batizar: ‘Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.


Tendo diante dos olhos este passagem do Evangelho e outros textos bíblicos, Santo Agostinho encerra sua obra de 15 livros sobre a Trindade com esta oração: “Senhor nosso Deus, nós cremos em ti, Pai, Filho e Espírito Santo. Pois a Verdade não teria dito: Ide e batizai todos os povos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, se não fosses Trindade. Nem nos ordenarias que fôssemos batizados, ó Senhor nosso Deus, em nome de alguém que não é o Senhor Deus. Nem a voz divina diria: Ouve, ó Israel, o Senhor teu Deus é o único Deus, se não fosses Trindade e, ao mesmo tempo, o único Senhor Deus. E se tu, Deus Pai, fosses Pai e ao mesmo tempo fosses Filho, teu Verbo, Jesus Cristo; e fosses o mesmo Dom, que é o Espírito Santo, não leríamos nas Escrituras da Verdade: Enviou Deus o seu Filho.Nem tu, ó Filho Unigênito, dirias do Espírito Santo: Aquele que o Pai enviará em meu nome, e: Aquele que eu vos enviarei da parte do Pai. (…). Senhor, único Deus, Deus Trindade, tudo o que disse de ti nesses livros, de ti vem. Reconheçam-no os teus, e se algo há de meu, perdoa-me e perdoem-me os teus. Amém.


Autor: Dom Manoel João Francisco

Bispo de Cornélio Procópio (PR)

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