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Santo Antônio: um legado que vai além de ser o “santo casamenteiro” da devoção popular


Um dos santos mais conhecidos na devoção popular brasileira, que abre as comemorações das festas juninas dia 13 de junho, Santo Antônio continua sendo importante para o mundo cristão porque ele reconciliou a vida de fé, a simplicidade da mensagem do evangelho e o amor à Eucaristia com a riqueza acadêmica, as ciências, a meditação e estudo da Sagrada Escritura.


Esta é a consideração do religioso da Ordem dos Frades Menores, o franciscano dom Severino Clasen, bispo de Caçador (SC) presidente da Comissão Episcopal de Pastoral para o Laicato. Para o religioso, a inteligência, a lucidez intelectual, a fé, a simplicidade e o enamoramento por Jesus Cristo fizeram de Santo Antônio um grande taumaturgo no seu tempo.


“As multidões que admiram a sua vida nos dias atuais revelam sua imortalidade pelo seguimento a Jesus Cristo do jeito como São Francisco de Assis o fez com simplicidade, profunda devoção, amor as Sagradas Escrituras e grande espiritualidade”, disse.


Atualmente, segundo dom Severino, devemos imitar o jeito do apaixonamento de Santo Antônio por Jesus Cristo. “Hoje, muito falamos de Jesus Cristo, ensinamos como segui-lo, apresentamos teses e verdades, mas precisamos viver com intensidade o que aprendemos, o que nos ensinam e o que ensinamos para os outros”, disse.


O religioso explica que o legado do santo é o amor profundo nas dissoluções das complicações, problemas de relacionamentos humanos nos dias atuais. “Eis uma das razões porque é popularmente considerado o santo casamenteiro, porque facilita as relações e mostra que o entendimento, o cultivo e o cuidado pelas pessoas é remédio para solucionar conflitos e desgastes de convivência familiar e conjugal”.


O bispo comunga da mesma paixão de Santo Antônio: aprender com São Francisco de Assis a simplicidade do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. “Ele se empolgou com o estilo de vida de São Francisco de Assis e por isso ingressou na Ordem dos Frades Menores. Santo Antônio nos mostra que é possível uma vida simples e repleta de ações, de cuidado pela natureza e pela vida em si”, afirma.


História do santo Santo Antônio ou Antônio de Lisboa, também conhecido como Santo António de Pádua, OFM, de sobrenome incerto mas batizado como Fernando, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII e XIII.


Primeiramente foi frade agostiniano no Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, indo posteriormente para o Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde aprofundou os seus estudos religiosos através da leitura da Bíblia e da literatura patrística, científica e clássica. Tornou-se franciscano em 1220 e viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França.


No ano de 1221 fez parte do Capítulo Geral da Ordem em Assis, a convite do próprio Francisco, o fundador, que o convidou também a pregar contra os albigenses em França. Foi transferido depois para Bolonha e de seguida para Pádua, onde morreu aos 36 (ou 40) anos.


A sua fama de santidade levou-o a ser canonizado pela Igreja Católica pouco depois de falecer, distinguindo-se como teólogo, místico, asceta e sobretudo como notável orador e grande taumaturgo.


Entre suas várias qualidades, chamou a atenção de seus contemporâneos seu admirável dom como pregador. Muitas descrições de época referem o fascínio que sua fala exercia sobre as multidões de pessoas simples e também sobre clérigos doutos.


Embora o efeito de sua oração a viva voz não possa mais ser recuperado, seu estilo e os conteúdos que abordava podem ser conhecidos em parte através dos 77 sermões que sobreviveram e constam em sua obra publicada em edição crítica, Sermões Dominicais e Festivos, e que são considerados autênticos.

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