Devoto “de Nossa Senhora de Fátima e do silêncio”: o católico técnico de Portugal
- Aleteia.pt
- 15 de jun. de 2018
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Fernando Santos e o compromisso de ser católico: "São tão poucas coisas que Ele pede! Se não queremos cumprir, por que assumimos o compromisso?"
A seleção de futebol de Portugal começou a sua participação na Copa do Mundo da Rússia enfrentando a Espanha nesta sexta-feira, 15. No momento, o placar está Portugal 2 x 3 Espanha.
Quem está à frente do time lusitano é o técnico Fernando Santos, que não tem qualquer receio de manifestar publicamente a sua fé católica e declarar-se “devoto de Nossa Senhora de Fátima e do silêncio“.
Testemunhos de fé de Fernando Santos
Para ele, “ser católico é um compromisso sério”. Numa série de encontros sobre Deus organizados pela comunidade Capela do Rato, em Lisboa, alguns anos atrás, ele declarou que a oração é a primeira coisa que faz quando acorda. Logo em seguida vem a leitura de alguns trechos da Bíblia, proclamados na missa do dia – missa da qual, aliás, ele tenta participar tanto em Portugal quanto no exterior: aos domingos, não falta nunca.
Na infância, costumava ir com os pais ao Santuário de Fátima ao menos uma vez ou duas por ano. “Houve sempre esta ligação. Fui crescendo e a minha ligação a Deus, entre casamentos, batizados e a Cova da Iria, foi se mantendo”, declarou ele, em recente entrevista concedida à revista “Igreja Viva“, da arquidiocese de Braga, em seu país.
Preserva as mesmas orações da infância e não abre mão desse hábito, nem sequer quando está muito cansado. Ele afirma que, ao olhar para trás, sabe que nunca esteve sozinho nem foi abandonado pelo amor de Deus.
Sua juventude não foi “muito de acordo” com Nosso Senhor: apesar de nunca negligenciar a oração antes de dormir, Fernando Santos admite que a sua relação com a fé era superficial, de “ouvir e depois afastar-se”. Sobre a universidade, por exemplo, ele comenta que foi “um período em que se põem mais questões”: dúvidas, inquietações, hesitações…
Fez questão de “casar na Igreja”, apesar desses altos e baixos espirituais da juventude.
Batizou todos os filhos, embora ainda não se sentisse muito próximo de Deus.
A conversão veio com a crisma da filha, cuja preparação ele acompanhou de perto. Naquele período, conta ele, “compreendi que Cristo está vivo em cada um de nós”.
Recorreu a um sacerdote que lhe presenteou o livro “A fé explicada“. Este foi um marco importante no seu processo de conversão. Ele destaca, em particular, o capítulo do livro sobre o pecado:
“Uma coisa que sempre me transtornou a cabeça tinha a ver com o castigo, a ideia de um Deus um bocadinho castigador, os pecados… Sempre me fez muita confusão. Depois de ter lido esse capítulo fiquei a perceber mais: falava do pecado mortal, do pecado venial… Foi o suficiente para me aliviar um bocadinho”.
Voltou ao confessionário para receber o sacramento da reconciliação graças ao contato com esse sacerdote.
Passou frequentar a Santa Missa: no começo, sentava-se nos últimos bancos, mas, aos poucos, com a esposa, foi se aproximando do altar.
Participou de um Cursilho de Cristandade, do qual afirma que voltou transformado. “Caí do cavalo!”
Sua grande descoberta? “Ele está vivo”! Fernando Santos afirma sobre Jesus vivo na Eucaristia:
“O que me toca é o sacrário, saber que Ele está ali, que posso conversar com Ele, que Ele ouve o que eu digo… E uma coisa boa é que não me responde logo! Responde sempre, mas não me interpela logo ali. Essa descoberta muda-me radicalmente. A questão do amor começou ali a germinar”.
Começou a levar sempre consigo um crucifixo, que, para ele, representa o compromisso com Cristo:
“Seguramente é o maior compromisso da nossa vida. Socialmente é um grande compromisso, porque a partir daqui nós temos a responsabilidade clara e inequívoca de cumprir aquilo que Ele nos pede. E Ele só nos pede uma coisa: que amemos o Pai acima de todas as coisas e que amemos os irmãos como Ele nos amou. O que nos diz depois? ‘Ide e evangelizai’. São tão poucas coisas que pede! Se não as queremos cumprir, então por que assumimos o compromisso? Tenho a noção exata de que o meu testemunho neste momento é uma grande responsabilidade. Sinto-me feliz por ter essa responsabilidade. Não me quero é sentir presunçoso, essa é que é a minha luta constante”.
E o que pede Fernando Santos em suas orações? Todos os dias, a sua primeira oração, em diálogo com o Espírito Santo, é para…
“…pedir o dom da sabedoria, a dos pequeninos, para poder ouvi-Lo, escutá-Lo. Depois vem a perseverança, deixar que Ele me ame sempre. E em terceiro lugar a humildade, para que O possa servir servindo aos irmãos”.