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Greve, Copa e incerteza política desaceleram economia brasileira




Governo e mercado previam uma expansão de 3% para este ano


A greve dos caminhoneiros em maio e a Copa do Mundo contribuíram para a desaceleração econômica no Brasil, e a perspectiva de uma melhoria se afasta, a quatro meses das eleições, marcadas por incertezas.

Com a greve dos caminhoneiros, o Brasil teve “uma perda total e irrecuperável” de R$ 40 bilhões, disse à AFP Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).


De acordo com a entidade, o governo deixou de arrecada R$ 5,8 bilhões devido ao movimento, que paralisou por mais de uma semana o país.


O governo estimou o impacto em 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), considerando apenas a redução da produção.


Em 2017, o Brasil conseguiu sair da recessão, registrando crescimento de 1%.


Governo e mercado previam uma expansão de 3% para este ano, mas nos últimos meses essas expectativas despencaram. Agora, os economistas mais otimistas projetam crescimento de 2% do PIB.


A greve provocou “uma redução da oferta, com a consequente alta de preços” e poderia repercutir nas exportações, embora ainda não se saiba se os efeitos serão de curto ou longo prazo”, disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).


– Desânimo –

O efeito da Copa do Mundo na produtividade já tinha sido incorporado pelas empresas e governos, que nos dias com jogos da seleção vão liberar funcionários por algumas horas.


Embora o comércio relacionado à Copa costume gerar lucros, nesta edição as expectativas são singelas.


Diante da crise e de denúncias de corrupção, a torcida brasileira não se animou. Segundo uma pesquisa do Datafolha, o número de pessoas desinteressadas pela Copa aumentou de 42% para 53% em maio.


Soma-se ao desânimo “a angústia da eleição”, disse Barbosa. Não se sabe “quem serão os candidatos e quais são suas chances”, acrescentou.


Nenhum dos favoritos no pleito se mostra comprometido com as medidas de ajuste fiscal reclamadas pelos mercados financeiros.


O nervosismo chegou ao ápice na semana passada, quando a Bolsa recuou 5,6% e o dólar beirou os R$ 4 pela primeira vez em dois anos, antes de cair a R$ 3,70, graças às intervenções do Banco Central.


A dívida pública bruta brasileira aumentou de 52% do PIB no fim de 2014 para 75,9% em abril deste ano. Segundo o FMI, se não forem tomadas medidas para alterar essa trajetória, ela poderia alcançar 100% em meados da próxima década.


Criticado pelas concessões feitas aos caminhoneiros, o governo não demostra grande força política para os próximos meses até o fim do mandato, em 1º de janeiro.


Temer “é um presidente fraco e incapacitado”, que sofre uma “enorme pressão da sociedade para reduzir os preços” dos combustíveis, afetados ainda pela desvalorização do real, disse Barbosa.


A moeda brasileira se depreciou cerca de 12% em relação ao dólar neste ano.


“A transição para 2019 é extremamente preocupante, pois o novo governo não terá o apoio popular e político para efetuar as profundas reformas que o país tanto necessita”, afirmou Amaral, que ainda demonstrou otimismo: “apesar de tudo, a economia brasileira manterá o seu ritmo de recuperação”.


(AFP)

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