E vós também quereis ir embora?
Estamos no mês das vocações e celebramos, neste último Domingo de agosto, a necessária e desinstaladora missão do catequista. No Evangelho deste Dia do Senhor, conferimos a conclusão do discurso do Pão da Vida, quando Jesus interpela a seus imediatos seguidores se desejam ir embora. A tentação de quem entra como o catequista, na proximidade de Jesus, e deve anunciar alguém que nos cativou mais que um conteúdo impessoal, é de querer abandonar as exigências do caminho.
Mas, como Pedro, sempre responderemos: “A quem iremos Senhor, só Tu tens Palavras de Vida Eterna”. Ser catequista hoje é viver a condição de um eterno aprendiz e discípulo que não se cansa de levar foras do Mestre, mas saboreia mais que ninguém a sua Companhia e não a troca por nada do mundo.
Não é fácil, nem simples, anunciar o sentido da vida com seus absolutos na vigência da pós-verdade, mas, como semeadores de infinito, sabemos que nosso coração só se acalma na posse e tranqüilidade de quem reclina e descansa a cabeça no peito do Mestre, como João na Santa Ceia.
Falar e testemunhar um amor que permanece e não passa a pré-adolescentes e jovens, que brincam de “ficar”, parece um despropósito ou uma prosa romântica e idealista, mas temos consciência que é exatamente disto que os jovens precisam, de saber e vivenciar que somos importantes e especiais para Alguém, com maiúscula, que se importa e deu a vida por nós. Catequistas, nunca desistam ou pensem que a sua eficácia vai depender de tecnologias ou recursos midiáticos, que até podem ajudar, mas o que os catequizandos esperam e pedem a gritos são razões para viver, e, como disse Dom Helder Câmara: “Há mil razões para viver para quem segue a Cristo”.
O mundo sempre será dos que oferecerem uma esperança mais firme e robusta, e nós garantimos, com a nossa fé, o nome da esperança para a humanidade: é Jesus Cristo! Parabéns, irmãos e irmãs catequistas, vocês são imprescindíveis para a Igreja porque fazem ressoar em vossos corações a Palavra de Cristo. Deus seja louvado!
Autor: Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)