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Mártires de Tibhirine, que já viraram até filme, serão beatificados em dezembro


Os 7 monges trapistas foram assassinados por terroristas islâmicos numa abadia da Argélia em 1996


Os 7 monges trapistas assassinados por fundamentalistas islâmicos em 1996 na Argélia serão beatificados no próximo dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, junto com outros 12 mártires do final do século XX no mesmo país do Norte africano.


O Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Becciu, destacou que os religiosos martirizados são “um exemplo de amor puro e desinteressado” e faz votos de que “os fiéis aprendam com estes mártires a terem a capacidade de ser luz para aqueles que os rodeiam”.


Becciu acrescentou:

“O projeto fundamental para cada um de nós é ser amor, amar a Deus e amar os irmãos. Por isso é preciso viver com um coração puro, com um coração dom para os outros. Desta forma se constrói a santidade, mesmo sem se perceber”.

Os mártires

Os 7 mártires de Tibhirine são os monges:

  • Christian de Chergé

  • Luc Dochier

  • Christophe Lebreton

  • Michel Fleury

  • Bruno Lemarchand

  • Célestin Ringeard

  • Paul Favre-Miville.

Seu sequestro, de pleno mosteiro de Notre-Dame de l’Atlas, ocorreu na noite de 26 para 27 de março de 1996. Foram necessários nada menos que 56 dias até que, em 30 de maio, os seus corpos martirizados fossem encontrados.

Os sete monges mortos vinham de experiências pessoais muito diferentes: um filho de um general do exército, um encanador, um militante convicto de 1968, um diretor de escola, um fresador, um médico e um religioso “das ruas”. No mosteiro, porém, eles havia alcançado um extraordinário “sentimento comum” que os levou à autêntica contemplação cristã: “ver as pessoas – cada pessoa, até mesmo o inimigo – e as coisas – todas as coisas, até mesmo a morte violenta – com os olhos de Deus”, conforme escreveu Enzo Bianchi no prefácio de “Mais fortes que o ódio”, um texto publicado por ocasião do décimo aniversário da sua morte.


Aliás, pouco mais de dois anos antes do martírio, o irmão Christian de Chergé, prior do mosteiro de Notre-Dame de l’Atlas, tinha escrito em seu testamento espiritual, redigido entre dezembro de 1993 e janeiro de 1994:


“Se me acontecesse um dia (e poderia ser hoje) de ser vítima do terrorismo que parece querer envolver agora todos os estrangeiros que vivem na Argélia, eu gostaria que a minha comunidade, a minha Igreja, a minha família se lembrassem de que a minha vida foi dada a Deus e a este país. (…) Que eles soubessem associar esta morte a tantas outras igualmente violentas, deixadas na indiferença e no anonimato. A minha vida não tem mais valor do que outra”.


Além dos sete monges trapistas, os outros doze religiosos a ser beatificados também foram mortos na Argélia entre 1994 e 1996.


A cerimônia de beatificação ocorrerá no Santuário de Nossa Senhora da Santa Cruz em Oran, na Argélia.


Nas telas do cinema

O cineasta Xavier Beauvois transformou o testemunho de martírio dos sete monges de Tibhirine no elogiado filme “Homens e Deuses“, que reflete a consistência da vocação pessoal dos monges, bem como a sua oração, suas dúvidas e suas decisões; a presença de Cristo entre os pobres e o Seu sinal de diálogo e perdão para a humanidade; o discernimento comunitário, difícil, doloroso e ao mesmo tempo que alegre, sintetizado magistralmente na última cena, que mostra a passagem da dúvida e do medo até chegar à entrega e à paz.

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